sábado, março 25, 2006

Imaginem

Imaginem que viviamos num país onde a polícia se queixa constantemente por ter armas, equipamento e viaturas piores que os criminosos. Imaginem que passavam anos a exigir ao Estado que lhes fornecesse melhores pistolas, se possível melhores que a força para-policial concorrente. Imaginem que passavam o tempo a dizer que (e ao contrário do que as estatísticas mostram) o crime está a aumentar. Imaginem que os ainda que poucos que soubessem que o que aumentou foi os crimes com uso de violência com armas de fogo mais poderosas, se revoltavam contra as autoridades responsáveis. Imaginem uma loja de armas em frente a uma esquadra de polícia onde alguns polícias e o chefe responsável pelo seu armamento fizessem uns negócios pouco claros. Imaginem ainda que esses negócios passavam pela venda de poderosas armas, por parte desses mesmos polícias que se queixavam da tal superioridade do "fogo inimigo", a esse mesmo inimigo. Imaginem essa força policial a queixar-se e revoltar-se durante anos e vender armas de fogo superiores às que eles próprios usam para serem usadas provavelmente contra eles próprios e os seus colegas de trabalho. Imaginem que um dia tudo isto era descoberto pela própria polícia e que quando mostrassem o produto final da apreensão à comunicação social, se viesse a constatar que ali havia armas de guerra que nem muitos filmes hollywoodescos se atreveriam a utilizar contra polícias ainda que de pura ficção se tratasse.
Pois é amigos. Isto não é ficção. Nem é preciso imaginar. Qual enredo de Tarentino qual carapuça. A polícia portuguesa superou-se. Atreveram-se e foram mais longe. São audazes e pioneiros. Merecem todo o nosso apreço. Quando virem um polícia, apertem-lhe a mão e perguntem-lhe em surdina se se sente seguro ao lado do seu colega de trabalho. Mostrem solidariedade. E se ele fizer cara de medo não receiem e chamem a polícia. Agora o problema é qual polícia é que vocês vão chamar?

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